quarta-feira, 4 de março de 2009

O refúgio


Cheguei em casa por volta das 19 horas, fazia muito calor e eu precisava de um banho gelado. Após o banho, coloquei uma roupa fresca, peguei minha caneca, a enchi de água, liguei o ventilador da sala e a televisão, sentei no sofá em L e, quase deiada, comecei a pensar: "Exatamente aqui é o meu refúgio, alcançado com paixão e pouco esforço". Suspirei. Para muita gente, não é tão fácil encontrar um lugar onde se possa viver em paz. Sorte a minha? Gostaria que a sorte fosse de todo mundo.

Ontem, fiz algumas entrevistas com refugiados de países africanos que vieram para o Brasil. Ainda está para nascer algo que seja mais difícil do que fugir de uma guerra. Conversei com homens e mulheres arredios, que falavam um português ainda enrolado, mas que não tiveram problema nenhum em me ensinar um pouco de francês e algumas palavras de dialetos locais. Eu disse arredios? Não demorou muito para que soltassem gargalhadas, falando dos filhos pequenos e de como tiveram coragem para buscar uma vida melhor, ainda que longe de casa.

Perguntei a uma das mulheres do grupo, que fazia aulas de artesanato, o que mais ela gostava de aprender e a resposta foi: "Isso não importa. É melhor aprender tudo enquanto existe vida."

Então, "enquanto existe vida" e sabendo que ela é uma só, duas coisas precisam ficar bem claras: Não se desiste de sonho e tudo pode ser economizado, exceto amor e paz.

Sabe quando uma coisa corta e abre o coração da gente ao mesmo tempo? Um jovem congolês que devia ter mais ou menos a minha idade perguntou se eu fazia Jornalismo e eu, com o mais sadio de todos os meus orgulhos, respondi que sim. Mas não era a única. Logo depois ele me disse, igualmente orgulhoso, só que triste: "Eu também fazia Jornalismo no meu país." Ele não sabe, mas o orgulho dele também fez bem para o meu. Espero que eu tenha feito alguma coisa por ele também, mas o que é que eu sei sobre essa vida?
Here to learn. I hope I can teach some day.

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