domingo, 15 de maio de 2011

Eu vim de lá pequeninha...

Tudo de bom acontece quando seus pais fazem aquela visita básica de fim de semana. E foi na última delas que os dois me apresentaram um álbum online de fotos antigas, ou como prefiro, clássicas, de Bom Jesus do Itabapoana, terra de hospitalidade, como diz a Canção do Bonjesuense Ausente.

Todas as fotos estão em um site jornalístico local, o Repórter Online. Apenas lá, sem data certa, créditos, nomes. Como toda boa lembrança, meio desfigurada pelo tempo e, mesmo assim, apaixonante. Registro aqui minhas favoritas.



Que charme esses taxistas à espera de seus clientes na Praça Governador Portela. A Igreja Matriz ao fundo. Tudo permanece muito parecido. Bom Jesus é como meu pequeno país comunista parado no tempo. Mentira. Cresceu muito, se modernizou dentro do que podia. Eu ainda retribuo tudo o que me deu, principalmente o pontapé que me botou para fora.
Copa do Mundo de 1958. Os bonjesuenses, assim como o resto do mundo, conhecem Pelé e comemoram o primeiro título do Brasil. Nessa foto, torcedores em frente ao prédio do jornal A Voz do Povo.

Muito a cara de Bom Jesus o padre comemorando o título de 58 com a galera. Adorei essa foto.Meu pai é apaixonado por carros. Execelente motorista. O primeiro emprego sério foi em uma concessionária da Ford que abriu em Bom Jesus. Mas, antes dela, havia a Willys. Esses modelos rurais da época são incríveis.


Imagina a cara que nós fizemos quando encontramos essa foto de uma reunião de mulheres, sabe-se lá Deus de quando? Deixei a melhor por último. Quem é a única mulher da foto que está olhando direto para a câmera? Detalhe para o sapato, a perna cruzada e o cabelo Audrey Hepburn. Meu exemplo de bom gosto (que a minha avó não me ouça), Tia Landinha, Iolanda, para os mais distantes. Ela tem nome de música, minha gente. Estilo vem de berço. Com seus 84 anos, ela continua não deixando barato. Unhas impecáveis e vestidinhos floridos. Bonita por demais, por dentro e por fora.

Um brinde ao que nunca envelhece.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

As cidades de Ana


Eu tenho uma música favorita: Moon River, voz do Frank Sinatra, melodia do Henry Mancini. Música é uma coisa engraçada. Leva você para qualquer lugar. Agora mesmo, estou na frente da Tiffany's, the greatest one, em Nova York. É um misto de tristeza boa com saudade. Aliás, saudade é tristeza boa.

Lendo aqui As Cidades de Ana, começo a achar que está na hora de parar de escrever. Isso vindo de uma pessoa que quase não escreve mais. Porém, como vontade dá e passa, vou esperar um pouquinho para ver se é isso mesmo. A Ana cresceu! Só acho que ela nunca conseguiu dizer exatamente como é essa paixão dela pelas cidades.

A Ana é essa personagem que eu inventei de mim mesma. Não gosto e acho pouco criativo falar de mim na terceira pessoa, mas é que todo mundo me conhece como Polly. Só que quem escreve este blog é a Ana, entende?

E a Ana já morou em muitos lugares! A Polly frequenta as aulas e trabalha duro. Mas a Ana, essa sabe das coisas! Eu preciso celebrá-la mais.

Porque assim como as cidades, todos nós somos muitos em um só. Eu acho que a Ana, essa minha personagem, é como uma cidade no Natal: iluminada e melancólica, lembrando as chuvas finas que sempre caem nessa época. E eu simplesmente não sei como me despedir dela.
Não acabou, yet.

domingo, 18 de julho de 2010

Amanhã é 23...


Há muito eu pensava em escrever sobre a experiência de ter 23 anos. A idade em si não teria nada de mais, não fosse por algumas coincidências que eu fui encontrando por aí, entre um filme e outro e a vida real. No fim, os 23 acabam dizendo muito mais sobre mim mesma do que qualquer outra idade já poderia ter dito.

Em "Antes do amanhecer", Celine (Julie Delpy) tem 23 anos e é estudante da Sorbonne. Não trabalha, não sabe o que fazer da vida e passa férias viajando de trem pela Europa. Quando assisti ao filme, a primeira coisa que pensei foi: ou eu supero a Celine aos 23 com emprego e estabilidade ou eu justifico a minha confusão tendo a personagem como exemplo. "Se a Celine, que é tão incrível e inteligente não sabe o que fazer da vida, eu também não preciso saber". E não me culpo por levar em consideração uma pessoa que não existe. A arte não serve para experimentar o que não é real?

Acabou que com a idade da Celine eu tenho o emprego legal, passei da faculdade para a pós-graduação, mas não tenho estabilidade nem as férias de trem pela Europa. O que ela pensaria se pudesse me ver agora?

Mas a que mais faz com que eu questione a minha realidade é a Natalie Keener de "Amor sem escalas". Pausa para dar os parabéns a Anna Kendrick pelo papel que a fez dar adeus aos filmes adolescentes e estúpidos, tipo Crepúsculo, sabe? Não há nada que eu deteste mais do que um vampiro. Na verdade há sim: um vampiro adolescente com pó de arroz.

Mas voltando ao assunto. No filme, a Natalie se forma com louvor na faculdade, mas se muda para uma cidade "nada a ver" com o namorado que, eventualmente, termina com ela. Enquanto Natalie achava que fazia a coisa certa, trabalhava demitindo pessoas com o George Clooney, que não vem ao caso. Ela queria a família e a carreira. Nem uma das duas aconteceu na hora esperada.

Acho que aos 23, a Rory de Gilmore Girls se formou em Jornalismo e foi trabalhar na campanha de um certo senador de Illinois que queria se candidatar à presidência. Como é o nome dele mesmo? Ah! Barack Obama. Fico pensando se a Rory estaria em Washington agora organizando as coletivas de imprensa... Aos 23 ela não tinha a menor ideia de que daria certo.

Nem poderia ter. Com essa idade, o mundo nunca ficou com um ponto de interrogação tão grande. Eis o que os anos me disseram:

Aos 23, você fica em dúvida se trabalha feito uma maluca ou se equilibra o tempo com mais estudo. Certamente, você vai querer viajar e a escolha tem de tudo para ser um mochilão pela América Latina. Nada pode ser mais óbvio do que isso. Você pode querer morar sozinha, mas vai precisar da ajuda dos pais para encontrar e organizar os móveis... e a vida. Eles também vão te ajudar a pagar o aluguel. Não se engane. Aos 23, ningúem é independente. Você vai pensar que da sua idade seus pais já estariam casados ou pagando a festa de casamento das irmãs. Morando sozinha aos 23, você vai certamente ter superado qualquer desavença juvenil em relação aos seus pais. É a melhor fase, quando família vira amizade também.

É provável que você queira se casar aos 23, mas recusaria a proposta por um emprego incrível em São Paulo, Nova York, Tel Aviv ou qualquer outra cidade interessante. Nessa fase, você vai voltar a acreditar que casamento é amor. Antes, você pensava que era um contrato, porque fazia mais sentido. Jovem de esquerda que foi, como todas. Você pode descobrir que parar de pensar em casamento é salvar o namoro.

Muito importante: você vai ter certeza de que escreve mal e de que nada no mundo vai resolver o problema. Ou você nasce para trabalhar na The Economist ou deixa de lado a pretensão. É o tipo de coisa que não se aprende.

Aos 23, sua amiga solteira convicta vai começar a namorar sério, muito sério. Você vai ter a sensação de que o mundo está entrando em uma nova era. Sua prima de 23 acaba de entrar na faculdade de Cinema. Seu apartamento é o melhor lugar para se viver.

Com 23 anos, você nunca esteve tão velha e tão jovem ao mesmo tempo. Nada é "preto no branco" aos 23 e talvez nunca mais seja. Finalmente, você vai parar de buscar respostas para tudo nessa vida e vai aceitar o que é apenas mistério, fé ou gente que nunca vai gostar de você. Você vai até tirar o "apenas" dessa frase. Pela primeira vez, você vai achar a sua vida mais interessante do que uma série de TV.

domingo, 31 de janeiro de 2010

Música para os meus ouvidos


O que eu ouvi no fim de semana:


- Pixinguinha Sinfônico

- Moon River e o tema de A Pantera

- Orquestra Sinfônica britânica tocando Queen

- Cabaret Alemão

- Meu namorado, que cuida de mim em tempos de prisão domiciliar pós-cirúrgica.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Ansiedade engorda!


Se eu quisesse realmente fazer jus ao meu estado presente, já começaria explicando por que raios pratiquei a seguinte ação: digitei a palavra "ansiedade" no Google. Porém, como estou de mudança, resolvi começar pelo início. Fato primeiro, explicação depois. Hoje, pelo menos hoje, sem atropelos.

Juro que eu estava atrás de um poema que pudesse definir de um jeito criativo isso que eu não sei se chamo de sintoma ou de doença. E continuo não sabendo, porque diante das combinações de ansiedade sugeridas pelo site, resolvi deixar de procurar respostas para escrever isso aqui.

O fato é que ao escrever "ansie" no Google já aparece: "ansiedade como controlar", "ansiedade generalizada" e finalmente, o mais assustador, "ansiedade engorda".

Pela amostra e com ajuda da minha mente apocalíptica, pensei: "O mundo está perdido. As pessoas são ansiosas, ficam mais ainda tentando resolver o problema, acham que é uma coisa generalizada e, por isso, comem feito loucas."

Depois de um minuto, quebrei essa corrente de pensamentos do mal para, pelo menos, conseguir falar por mim.

Se o que eu tenho é ansiedade ou inquietação, a única coisa que eu quero é que isso não saia do meu controle. Sim, porque as pessoas tem controle, mesmo que o seu psquiatra diga que o que você tem é depressão e não tristeza.

Porque hoje, como diz minha amiga Lilian, ninguém mais se permite ficar triste. Tristeza, se durar até amanhã, só cura com remédio.

E, por Deus, não quero ser uma daquelas pessoas que viram para a outra e dizem: "O que você tá tomando? Ah, minha filha, eu não fico sem minha fluoxetina."

Hoje, eu só quero ficar aqui com meu coração partidinho desabafando com um mundo que nem me conhece só porque escrever é o tipo de coisa que lava a alma. Da ansiedade, vou cuidando devagar. Seria uma ironia da minha parte querer resolver isso correndo.

E quando eu terminar de ficar triste eu saio do quarto e vou ao cinema.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Back to Basics


De volta ao Brasil, de volta à rotina. Mas qual rotina?

Incrível como tudo parece estar igual... até eu olhar com mais atenção para perceber que nunca antes na história nada esteve tão diferente.

Especilistas em saúde mental vão dizer que fui eu que mudei. E mudei mesmo, talvez seja isso.

É que pela primeira vez desde sempre, terminei a faculdade e voltei de uma viagem longa, a grande viagem da minha vida.

Agora, sou um barril de expectativas, a sonhadora que sempre fui, só que com os meios para colocar os sonhos em prática.

O que aprendi com Nova York? A ser objetiva, sem deixar o romantismo, acho que essa foi a minha principal lição. Posso estar diante de uma muralha de prédios gigantes e, em um segundo, dar de cara com o Central Park, laranjinha com as folhas do outono. Na cidade ou na vida, acho que é assim que as coisas funcionam.

O Padre Zé Paulo faleceu. Amigo da minha família e chefe da paróquia tradicionalista da cidade (a qual não frequentamos), o Padre Zé Paulo também se tornou meu amigo, a pessoa que, em uma conversa de domingo, me falou sobre Nossa Senhora de Lourdes e o que eu poderia aprender com ela. Depois, descobri que ela apareceu pela primeira vez no dia do meu aniversário, na França. Hoje, a tenho como amiga, a mais especial de todas.

Chorei muito com a morte do Padre Zé Paulo, mas ele certamente passa do Céu de tão bom. Logo, não há com o que se preocupar. A saudade, essa sim é inevitável.

Meu apartamento continua sendo meu lugar favorito no mundo todo. De Bom Jesus, senti mais saudades das pessoas do que da cidade, o que não deve ser novo para ninguém. Mas de que são feitos os lugares se não de pessoas? Pronto, senti falta foi de tudo.

Mas agora que voltei, parece que nunca estive longe. Dormi, sonhei e acordei. Só que de onde vem essas fotos que guardo aqui no computador e na memória? Provas de que sonhei sim, acordada.

Amanhã é um novo dia. Um brinde ao tempo! É tudo verdade, minha gente.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Moon River


Existe uma Nova York que só "Moon River" consegue cantar. E essa Nova York é também aquela que só os apaixonados podem ver.

E eu vejo todo dia, como num filme cuja trilha não sai da minha cabeça.

Com quantos amores se faz uma cidade?